Diálogos entre Direito e Literatura: O mercador de Veneza

 

O mercador de Veneza: 241Shakespeare inspirou-se em duas fontes para desenvolver esse clássico sem fronteiras espaciais e temporais: Il Pecorone e Gesta Romanorum – a primeira é uma coletânea de novelle italianas escritas por Giovanni Fiorentino e a segunda, de autoria ainda desconhecida, nasceu no século XIII, mas teve duas edições em inglês no século XVI. o mercador de Veneza é uma das obras mais populares e debatidas desse grande nome da literatura universal – trata-se de um drama trágico, com pitadas de romantismo e comédia. Questões mais profundas se entrelaçam e sustentam a emoção do enredo, tais relações como o ódio, o orgulho, o dinheiro, o amor, a amizade, a ingenuidade e a maledicência. Sem dúvida, é uma das obras mais importantes da dramaturgia literária mundial; escrita em 1594, a narrativa ganhou adaptações em filmes e peças em todo o mundo. A trama que envolve o vilão Shylock e o mocinho Antonio encanta leitores e plateias a mais de quatro séculos, nos transportando para uma Veneza histórica e fascinante. (Retirado do Amazon)

 

 

Comentário: Em O mercador de Veneza há um confronto permanente e principal entre os discursos de Antônio e Shylock, ambos carregados de motivos pessoais inconciliáveis: um é o avarento que empresta dinheiro a juros; o outro é o bom cidadão que perdoa as dívidas; um é o capitalista emergente do mundo financeiro ; outro é o capitalista comerciante; um é o judeu religioso; o outro é o cristão nem tão praticante. São dois representantes do modelo que dá os seus primeiros passos, mas que já demonstra a existência de divergências de interesses em seu interior. A disputa entre os dois é, acima de tudo,pelo lucro, e isto é que torna o ódio irremediável, resultando na disputa judicial., visando com isso abrir a possibilidade de que as mesmas sejam apreendidas como técnica de ensino nos cursos de Direito e na compreensão das instituições jurídico-políticas sejam elas pré-modernas ou contemporâneas.