Considerada os olhos e ouvidos dos militares na Universidade, a Assessoria Especial de Segurança e Informação coletava dados de servidores e alunos ligados ao movimento contra o regime militar no Brasil

No início deste mês de abril completou-se 61 anos do golpe militar no Brasil. Manter viva a memória desse momento sombrio da história do país é uma forma de mostrar as atrocidades cometidas para que nunca mais se repitam. O Arquivo da Assessoria Especial de Segurança e Informação (AESI) guarda vários registros desse período.
Localizado no quarto andar da Biblioteca Central da UFMG, na Divisão de Coleções Especiais e Obras Raras, o AESI reúne, entre outros documentos, fichas contendo informações sobre servidores e alunos que eram considerados um risco para o regime militar.
Entre os nomes mencionados nas fichas, estão Irany Campos, servidor técnico-administrativo em educação que participou ativamente da luta contra a ditadura; Edgar Godoy da Mata Machado, professor de Direito da UFMG, jornalista e político com declarada oposição à ditadura; José Novaes da Mata Machado, filho de Edgar e estudante de Direito da UFMG assassinado pelo regime militar em 1973; Dilma Rousseff e Fernando Pimentel, integrantes de movimento contra a ditadura quando eram estudantes de economia da Universidade.
Além das fichas com informações de servidores e alunos – que poderiam ser usadas em investigações fora da Universidade – o AESI guarda, ainda, documentos datados de 1964 a 1985, como exemplares de jornais e outras publicações da UFMG que haviam sido apreendidas, gravador, microfone e carimbos utilizados pela Assessoria Especial de Segurança e Informação.
Em portaria do dia 3 de outubro de 2016 foi definida, como Comissão Permanente de Acesso aos Arquivos da Assessoria Especial de Segurança e Informação, os seguintes servidores: Wellington Marçal de Carvalho, vice-diretor da Biblioteca Universitária, Miriam Hermeto de Sá Motta e Elton Antunes, professores da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Ricardo Sontag, professor indicado pela Congregação da Faculdade de Direito, e Rene Lommez Gomes, da Escola de Ciência da Informação.
Acesso aos arquivos
O Arquivo AESI foi consultado pela Comissão Nacional da Verdade e é também visitado por pesquisadores e familiares dos investigados como uma maneira de esclarecer o que houve com os entes queridos durante o regime militar.
A consulta ao acervo é feita mediante agendamento pelo e-mail colesp@bu.ufmg.br ou pelo telefone (31) 3409-4615. Para atendimento na sala de pesquisa, é necessário apresentar documento de identificação com foto, além de Termo de Responsabilidade devidamente preenchido.
(Carla Pedrosa / Sistema de Bibliotecas UFMG)