Cátedra Unesco-UFMG promove conferências sobre direitos humanos na perspectiva das Luzes

Ciclo, que começa amanhã, reunirá professores de Filosofia, História e Ciência Política da UFMG e pesquisadora de universidade francesa

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As ideias Abbé Raynal, na passagem do século 18 para o 19, influenciaram Tiradentes e Frei Caneca
Reprodução

A partir desta sexta, 4, e ao longo do mês de setembro, a Cátedra Unesco-UFMG – Territorialidades e Humanidades: a Globalização das Luzes promove nova rodada de encontros de seu fórum sobre Saúde, bem-estar social e direitos humanos: desafios contemporâneos na perspectiva das Luzes. As conferências podem ser acompanhadas na plataforma Zoom (ID da reunião: 848 4162 4677 / senha: 425508).

No primeiro evento, Luiz Carlos Villalta, do Departamento de História da Fafich, vai falar sobre a independência brasileira nos jornais do Império. No dia 11, Dawisson Lopes, da Ciência Política, vai abordar o apogeu e o declínio da “diplomacia do conhecimento”.

Na sexta, 18, a professora do Departamento de Filosofia Patricia Kauark Leite vai tratar de ciência e obscurantismo e propor reflexão sobre “que Iluminismo nos interessa hoje”. Colega de Patrícia na Fafich, Rodrigo Duarte fará conferência no dia 25 sobre A vida boa na perspectiva do esclarecimento reflexivo. Por fim, no dia 29, será a vez da professora Marie Noëlle Ciccia, da Universidade de Montpellier, na França, que vai falar sobre A Zamperinida (1772–1775): uma contenda poética iluminista?.

Sob o Iluminismo
Instituída em 5 setembro de 2019, a Cátedra Unesco-UFMG – Territorialidades e Humanidades: a Globalização das Luzes tem caráter transdisciplinar, envolvendo as ciências humanas, letras, as ciências exatas e naturais, entre outros campos. Ela promove o desenvolvimento de pesquisas e atividades de ensino, no âmbito da graduação, pós-graduação e extensão, em colaboração e intercâmbio com outras cátedras Unesco na área das Humanidades

Villalta:
Villalta: visões opostas sobre a IndependênciaLuiza Ananda / UFMG

A cátedra Unesco-UFMG mantém colaboração ativa com outras cátedras Unesco na área das Humanidades, principalmente com aquelas propostas no quadro da cooperação entre o Conselho Internacional de Filosofia e Ciências Humanas (CIPSH) e a Unesco.

De acordo com o professor Luiz Carlos Villalta, titular da cátedra, o ciclo de conferências, iniciado em julho de 2019 e com encerramento previsto para janeiro de 2021, estimula a reflexão sobre problemas contemporâneos, “alguns verdadeiramente dramáticos”, com base nas ideias das Luzes, ou Iluminismo.

Ameaças anti-iluministas
O próprio Villalta abre a programação de setembro. Ele vai abordar como as Luzes, em suas diferentes vertentes, inspiraram os protagonistas da Independência do Brasil e como, entre 1822 e 1889, a Independência foi representada em jornais da Corte e de diversas províncias. Segundo o professor do Departamento de História, sua exposição vai evidenciar que, “ao lado de uma visão positiva sobre D. Pedro I e a Independência, desenvolveu-se uma compreensão diametralmente oposta, negativa, o que se tornou mais intenso com a aproximação da Proclamação da República”.

Dawisson:
Dawisson: saberes e conhecimentos instrumentalizadosSomos UFMG

Dawisson Lopes, da Ciência Política, vai argumentar, em sua conferência, que a diplomacia do conhecimento, que marcou as relações internacionais do Brasil por dois séculos, sofre hoje uma ameaça inédita. “Como sempre faltou ao Brasil abundância de recursos militares e econômicos, nossa diplomacia instrumentalizou a seu favor saberes técnicos e conhecimentos diversos, sobre direito internacional, geopolítica, instituições internacionais etc. No atual governo, vários pressupostos desse projeto são descartados. O que estamos vendo é a negação do iluminismo, da racionalidade e a exaltação do pré-moderno, de um pensamento reacionário e baseado na religiosidade”, afirma Dawisson.

Patrícia Kauark Leite vai evocar Michel Foucault e Imanuel Kant para defender que é crucial, nos dias atuais, “entoar novamente a palavra de ordem iluminista”. Ela afirma que “neste mundo bárbaro em que formos tragicamente atirados, as expressões mais genuínas das artes, das ciências e das filosofias, no sentido mais plural desses saberes, estão ameaçadas”. A professora do Departamento de Filosofia diz que vai fazer considerações acerca do iluminismo kantiano, ou iluminismo crítico, e chamar atenção para um outro iluminismo, que ela chama de positivista, e que “deve ser tomado com muita cautela”. Ao final, anuncia, ela pretende propor uma terceira acepção, o “iluminismo poiético”.

Esta é a programação do ciclo em setembro.

Sexta, 4, às 19h
Luiz Carlos Villalta: As luzes e a independência brasileira nos jornais do Brasil Imperial (1822 – 1889)

Sexta, 11, às 14h
Dawisson Belém Lopes (UFMG): De José Bonifácio a Ernesto Araújo: apogeu e declínio da Diplomacia do Conhecimento

Sexta, 18, às 14h
Patrícia Kauark Leite (UFMG): Ciência e obscurantismo: qual Iluminismo nos interessa hoje?

Sexta, 25, às 14h
Rodrigo Duarte (UFMG): vida boa na perspectiva do esclarecimento reflexivo

Terça, 29, às 14h
Marie-Noëlle Ciccia (Faculdade Línguas Estrangeiras e Regionais da Université Paul Valéry / Montpellier 3, França): A Zamperinida (1772–1775): uma contenda poética iluminista?

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